terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Basquiat e Bukowski para vocês! E mais poesias de Raul Machado de brinde!
*"Dinosauria, We", escrito e narrado por Charles Bukowski
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*Poemas, de Raul Machado
IN-VERSO DO PROZAC
Cápsulas de poesia
Jogadas em letras
Grudadas nas bulas
De velhos remédios
Para jovens neuróticos
De tanta televisão
E semáforos
Poesias sobre cápsulas
Em letras de um jogo
Burlando o grude
Do remédio de velhos
Neuróticos de tanta juventude
Que transam televisão
E farejam sêmen
O NARIZ É O CENTRO DO MUNDO
Tantos cheiros já se alocaram aqui dentro
Guardados como faíscas de suspiros
Nasce sol, beijo e arrepio
Do amor de cheiros
Cheios
Meios
Para mim
O resto para o inteiro
Pira
Ex
In
Res
O tesão
Que guarda a rosa vermelha
Em jardins
Espinhos
Na mesa
Do mês
Ou nas virilhas das meninas
Quero mais de três
São
É quem sabe o odor
Do chão
Que pisa
Sem pudor
São
Somos
Nós
Que respiramos
A chuva
E cheiramos
Sóis
Pois
Só o nariz
Sabe o que diz.
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Moralismo barato, preconceito medieval e atentado à liberdade artística
Em um indignado manifesto de duas páginas que circula pela internet, o diretor do Teatro Oficina, José Celso Martinez Corrêa, pede atenção da sociedade para "a enorme injustiça que se está cometendo" com a diretora de vídeo Elaine César, de 42 anos. Ela perdeu a guarda do filho de três anos depois que o pai alegou na Justiça que o garoto foi exposto a cenas de sexo e nudez inadequadas para uma criança.
Referia-se ao espetáculo Dionisíacas, dirigido por Zé Celso, em que os atores aparecem nus e que Elaine acompanhou em uma turnê por sete capitais do Brasil. O processo corre em segredo de Justiça na 9.ª Vara de Família.
"Não estou suportando. Esse caso não é diferente do de Sakineh (Mohamadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento), no Irã, de Liu Xiaobo (ganhador do Nobel da Paz deste ano), na China, e de Julian Assange (do WikiLeaks), na Inglaterra", escreveu Zé Celso no manifesto. No momento, o menino está morando com o pai, o designer gráfico Rafael Gonçalves, de 39 anos, em Brasília. O diretor do Oficina acredita que "esse rapaz é um Oficinofóbico e está fazendo muito mal ao filho". "Outro dia, o menino perguntou a Elaine: "Mãe, por que você é louca?""
Ajuda. Em sua indignação, Zé Celso procurou o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e pediu que ele tentasse intervir por meio de um amigo em comum do pai do garoto. Suplicy acha que "o Rafael precisa olhar para o caso sob uma perspectiva humanitária". Para o senador, que assistiu ao espetáculo, "seria importante que o pai do menino entendesse a liberdade artística que existe historicamente no Oficina". "Não se trata de pornografia. No dia em que eu estive no teatro, havia crianças na plateia."
Segundo Elaine, o material de um documentário que ela está fazendo sobre o Oficina foi confiscado em sua casa. "O pior é que a juíza que examinou as fotos e vídeos é conservadora. Há registros de um banho de chocolate que os atores tomam sem roupa no final de uma cena do banquete. É teatro. Eu entendo que, para quem não frequenta, choca."
Ela diz que o filho sempre a acompanhou e brincava com as outras crianças na coxia. "Meu Deus, todas as grandes atrizes levaram um dia seus filhos para o teatro!", argumenta.
*Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101222/not_imp656692,0.php
*Mais informações e íntegra da carta de José Celso Martínez Corrêa, diretor do Teatro Oficina: http://midiaindependente.org/pt/blue/2010/12/482797.shtml
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Obras versus Obras: Exposição e Passeio no CIC
*Por Raul Machado e Artério Arteiro (21/12/2010)
Nesta tarde ensolarada de terça-feira (e quente pra dedéu), as praias, as lojas e as ruas estavam lotadas. O CIC estava vazio. Mas o CIC não estava fechado? Sim, continua em obras, continua fechado, continua um absurdo. Porém, excepcionalmente, foram abertos setores do Centro Integrado de Cultura para receberem a exposição “Prêmio CNI SESI Marcatonio Vilaça de Artes Plásticas 2009/10”, e lá fomos nós dois darmos uma olhada.
Foi interessante entrar de novo naquele espaço. Deu saudades.
Vale a pena ir na exposição, que fica aberta à visitação até 30 de Janeiro de 2011. Ela traz obras de cinco diferentes artistas: Armando Queiroz, Eduardo Berliner, Henrique Oliveira, Rosana Ricalde e Yuri Firmeza.
As obras de cada artista são bem distintas e nos trazem um panorama interessante da arte brasileira. Tem coisas ótimas, instigantes, com sacadas inteligentes, críticas, em formatos legais ou esteticamente vibrantes. Há também coisas mais mornas, repetitivas, menos inovadoras, que pouco dizem, tanto conceitualmente quanto visualmente e que parecem apenas mais uma onda de nada nesse mar de tudo. Porém nós dois achamos que as primeiras, as instigantes, são maioria nesta exposição. Que bom! Mas que cada um ache o que bem quiser.
Raul pessoalmente gostou das obras literárias formando mundos, envolvendo Áfricas, criando novos mares e labirintos nas obras de Rosana Ricalde. Artério Arteiro preferiu as arcadas dentárias de garimpeiros banhadas em ouro e o homem de ouro engolindo insetos de Armando Queiroz. Muito massa também o atestado de óbito em branco, o caderno com anotações sobre ameaças de morte (sofridas por sem-terras, ribeirinhos, assentados, dirigentes sindicais, etc.), e uma sala que nos mostra a neura da vigilância, do medo da violência, da segregação, onde um muro cheio de arame farpado e com câmeras no alto se fecha em si mesmo em um quadrado, impossibilitando o público de enxergar o que há por trás dele.
Enfim. Viajando por entre as obras, Raul e Artério encontraram as marcas das obras no CIC, o que compôs outra exposição para nós. Por entre as obras dos artistas citados acima, haviam também placas de goteiras, pedaços de madeira de construção, salas que não levavam para lugar nenhum, cabos desconectados, vassouras sendo varridas por senhoras da limpeza, seguranças bocejando, parafusos sendo pregados, furadeiras furando paredes não para quadros serem pendurados, lâmpadas falhando. Obras e obras. Obras da obra do CIC por entre outras obras. Quais são as verdadeiras obras? Qual é a verdadeira exposição? Será que foi de propósito? Não sabemos, mas viajamos nessa exposição paralela de artesãos ao acaso que colocaram suas ferramentas ao lado de artistas reconhecidos pelo meio artístico como tais. Duchamp estaria orgulhoso dessa nossa viajada! E admitamos, aquela placa de goteira era muito mais legal do que alguns quadros por ali.
De qualquer maneira, obras ou obras, foi bom ver o CIC novamente provocando mais do que raiva na gente. E se hoje a tarde curtimos brincar de misturar obras e viajar, também já não sabemos mais quem foi Raul e quem foi Artério Arteiro nesse mergulho de sensações e letras.
Abraços cheios de verão!
*visitação da exposição:
-Até 30 de Janeiro de 2011, diariamente das 14h. às 20h. (com exceção dos dias 24,25,26 e 31/12/2010, e 01 e 02/01/2011)
*visitação das obras do CIC:
-Até quando porra?
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Tamô frito!
Raimundo Colombo (DEMo) foi eleito governador de Santa Catarina.
É óbvio que nunca se esperou algo razoável deste cara. Na verdade nunca se espera algo razoável de governos. Mas tem coisas que são foda, já diriam vocês.
O Colombo (que não é o Cristovão) já está anunciando o seu futuro secretariado, e para a "digníssima" pasta de "Turismo, Cultura e Esporte", (que bela porcaria essa salada mista sem nexo que com certeza privilegia resorts chiques em locais proibidos) ele chamou o ilustre lustre sem luz chamado César Souza Júnior. O cara é aquele filho de apresentador, que virou apresentador, que virou deputado, que agora virou entendedor da cultura estadual.
Circo total. Programa de auditório cheio de palhaçada sem graça.
Poderá ainda haver esperança de algo menos pior na Fundação Catarinense de Cultura? Creio que pouca, pois independente de quem seja estará subordinado à estes senhores Colombo e Júnior, sem desmerecer e insultar a designação "senhores".
Mas vamos que vamos! Nós fazemos o nosso. E metemos o pau quando absurdos rolam por sob as nossas cabeças arteiras.
Beijos coloridos e até mais.
De Artério Arteiro, vosso artesão de risos e choros.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Zine Arterizar nas ruas! / E férias...
Bom, e falando em verão chegando, pessoas dispersando e outras chegando. Neste período o Coletivo Arterizar pede algumas férias do blog. Isto não quer dizer que estaremos parados, mas com certeza o ritmo de publicação dá uma diminuida. Porém com certeza estaremos produzindo, brincando, criativando por alí e acolá. Em breve mais notícias!
Por agora, fiquem com um texto do poeta brasileiro Waly Salomão, que está grafado no nosso Zine Arterizar também. Até mais. Beijos com gosto de caipirinha.
Por Artério Arteiro, vosso artesão de risos e choros.
Experimentar o experimental (de Waly Salomão)
Experimentar o experimental,
A fala da favela.
O nódulo decisivo nunca deixou de ser o ânimo de plasmar uma linguagem, convite para uma viagem.
E agora, quer dizer, o que é que eu sou?
Meu nome é Wally Salomão, um nome árabe, Wally Dias Salomão.
Nasci numa pequena cidade da caatinga baiana, do sertão baiano.
Filho de pai árabe e uma sertaneja baiana…
“A memória é uma ilha de edição… a memória é uma ilha de edição…”
Nasci sobe um teto sossegado, meu sonho era um pequenino sonho meu.
Na ciência dos cuidados fui treinado, agora, entre o meu ser e o ser alheio, a linha de fronteira se rompeu, a linha de fronteira se rompeu!
Câmara de Éter.
“Eu tenho um pé no chão, porque eu sou de virgem, mas a cabeça, eu gosto que avõe”
Incorporo a revolta, dança do intelecto e ação dionisíaca.
Obsessiva idéia de fundar uma nova ordem frente às categorias exauridas da arte e a indignação da rebeldia ética,a quase catatonia do quase cinema e o júbilo epifânico do Édem…
Samba, o dono do corpo.
Expressão musical das etnias negras ou mestiças no quadro da vida urbana brasileira.
É, vamos inventar: “era uma vez…”
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Palavras e Imagens
Ah se tu soubesses
Que teu mistério
Sem eira nem beira
De olhos seiOs
E meus
Que brinca de fez-não-fez
Entre curvas sem sinalizações
E a timidez
Que flutua
Por entre contrastes
Que deslocam feições
Fez perder-me
Em calçadas
De sentimentos
E pegadas escondidas
Na frente de portões
Feitos de memória
Ah se tu soubesses, menina,
Que esse teu mistério
É assassino
De meu tédio.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Festival de Cinema Polonês
29 de Novembro – Segunda-feira
19h30 – Abertura
20h – A Festa de Casamento
30 de Novembro – Terça-feira
20h – O Jardim de Luíza
1º de Dezembro – Quarta-feira
20h – A Reserva
2 de Dezembro – Quinta-feira
20h – A Pequena Moscou
6 de Dezembro – Segunda-feira
20h – Garotas de Shopping
21h – Uma Árvore Mágica
7 de Dezembro – Terça-feira
20h – Quanto Pesa um Cavalo de Tróia?
8 de Dezembro – Quarta-feira
20h – General Nil
9 de Dezembro – Quinta-feira
20h – Ursinho
*O Paradigma Cine Arte fica na Rod. SC-401, km 8,9, Santo Antônio de Lisboa.
Conto, de Raul Machado
Ao largo do dia. Curto é o tempo. E a menina caminha. Como lombriga na barriga alheia.
Há vários sóis que iluminam o que não deve. E é logo a noite que acolhe a pessoa que te aperta a mão com um sorriso. O gato preto. Amigo.
Passos passeados continuam a desenhar nas calçadas frias as pistas para o amanhã criminoso. Segue a lua Luara! Teu lar é o luar? Como o vento que sopra tuas idéias suaves para o leste, para o mar. No cume da rua, a calma. A vista. Ainda vestida de sombras. A pessoa Luara respira. Pira. A cidade paira aos seus pés, como o chulé. Tudo para.
O escuro tem outro cheiro, diferente do cheiro do dia. Principalmente do amanhecer. E ela deixa seus pulmões cheios de escuridão.
Ufffffffffff. Fuuuuuuuuu. Fundo. Como o poço. Mas não triste fossa. Este talvez seja um poço de desejos. Como naquelas outras histórias.
E o que ela mais deseja agora é uma outra história.
Em frente às estrelas ela se vê de frente a um espelho, com contornos seus surgindo entre as constelações já rabiscadas. Do que parecia ser um espelho surge na verdade uma tela de televisão. Do seu lado um controle remoto. Aperta o 34. Záp!
34. Ela está em uma casa de madeira amarelada pela tinta e não pelo tempo, pelo sol, ou pelo suco de manga que se derramou no carpete da sala. Dois quartos e um banheiro lá no fundo. Casa pequena. Um homem feio surge de cueca, saindo do quarto e passa por ela sem cumprimentar. Um choro vindo do outro quarto traz agonia ao clima. Um bebê. E o homem bebe nervoso. Aperta 85.
85. Faz frio e o vento é forte. Voa o chapéu. Ninguém corre atrás dele. Não há mais ninguém por aqui. Longe alguns pescadores caminham com bandejas cheias. Estão levando a comida para algum porto. Seguro? Talvez até demais. Aperta o 01.
01. Risos. Uísque. Cheiro de pólvora. A calcinha está cheia de dólares. Um cara passa a língua nos bicos dos seios de Luara. Há três corpos ensangüentados no chão. O seu coração bate forte. Por reação. A ação! Luara afasta a boca de bigode e bafo de cigarros dos seus seios. Pergunta quem são os três porquinhos assados no chão. Os presuntos. Você faz perguntas demais moça! Cocaína. Um beijo nas suas coxas. Chute no queixo. O cara fica puto com a puta. Aponta a pica e a arma. Armaram pra você menina. Aperta. Aperta. Aperta o 00. Apertaram o gatilho. Gatinho preto amigo passa novamente. Piscadela. Pisca o cú. Medo.
00. E o infinito te espera. Desliga essa merda.
Um poço com fim no off. OFF. Ufa! Cospem-te. Tu cospes. Histórias. Cores. O dia. O dia inteiro.
Já não há mais noite em ti, Luara. Bom dia só(l).
Já caminhas novamente.
Ao largo do dia.
Como lombriga na barriga alheia.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Divulgações e Poesias de Raul Machado
Quando: quinta-feira (25), às 18h30. Visitação até 28 de janeiro, de segunda a sexta, das 12 às 19h.
Onde: Fundação Cultural Badesc. Rua Visconde de Ouro Preto, 216, Centro, Florianópolis.
Quanto: entrada gratuita.
A chuva é
Uma gaveta de facas
Que transborda
Molha meus livros
Corta minha ficção
Umedece minha poesia
Impede-me de sair do meu esconderijo
Pinta-me de cinza
Para depois me descascar
Como laranja,
E é azeda
Chuá. Chuá. Chuá. Grita.
Quanto exagero!
Talvez seja apenas
Culpa da chuva
E suas facas.
Tanta ética
Poética
E eu só queria
Tréplica
(e títulos gigantes para esses tempos tão curtos e ligeiros)
I
Quantas pessoas!
Com botões nas mãos
E falando sozinhas
Ou fingindo
Ou criando tamagochis
Quantas pessoas
Que não se olham
Vendo gente que não gostam
Na internet
Quantas pessoas
Com as mãos nos ouvidos
II
Ouvido
Ouvi do...
Ouve ido?
Ouve ado?
Ouve indo?
Houve algo?
domingo, 21 de novembro de 2010
Aviso Arterizar / Poesias
*Em Breve:
-Produção do Zine Arterizar
-Organização de intervenções teatrais e pequenas peças
-Organização de uma exposição com material de Arte Postal que enviamos à outros coletivos brasileiros
*Se você quiser nos ajudar, tem alguma sugestão ou quer participar dos nossos projetos, contribuindo com o coletivo, entre em contato conosco através do nosso e-mail.
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*Poesias, de Raul Machado
SEM TÍTULO
Se Fobia
Fosse
Fábia
Fodia melhor.
SOBRE O ALÉM
Acostumado a sonhar
Cafunguei nuvens
Soprei passarinhos
E não quis voltar
Talvez com desgosto
Do tédio
Nos apartamentos médios
E algumas outras
Propagandas de margarina
METE NA META LINGUAGEM
Se viver
Fosse só alegria
Eu bocejava
E não fazia
Poesia
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Evento: O mal-estar da (na) Arte Contemporânea
-Programação:
Dia 18/11:
09h-12h: Oficina de Arte Contemporânea Para os Seguranças da UFSC - prof. Aglair Bernardo
local: sala 402 CFM
12h: Performance Na Brasa de Pindorama - Betinho Chaves
local: RU
(advertimos que a performance contém cena de nudez)
14h-15h30: Mesa Redonda 1: Ousadia e Arte: Entre Tapas e Beijos
componentes: Maria de Lourdes Borges, Alckmar Luiz dos Santos e Yiftah Peled. mediação: Fabio Salvatti
local: Antiga Cantina do CCE
16h-17h30: Mesa Redonda 2: Um Corpo Obsceno e Mal Comportado
componentes: Clélia Mello, Roberto Freitas e Massimo Canevacci. mediação: Janaina Martins
local: Antiga Cantina do CCE
16h-18h: Performance As faces de Ofélia - Gabriela Fregoneis
local: sala 402 CFM
Dia 19/11:
09h-12h: Oficina Arte e cadeia: o que fazer em caso de detenção? - Prudente Mello
local: sala 402 CFM
14-15h30: Mesa Redonda 3: Arte e crime: zonas de tensão
componentes: Prudente Mello, Pedro Bennaton, Alejandro Ahmed, Aglair Bernardo. mediação Rodrigo Garcez
local: Antiga Cantina do CCE
16-18h: Bate papo sobre o processo criativo da Performance 5760 – Thaís Penteado e Ilze Körting
local: sala 402 CFM
realização:
PACT - Grupo de Estudos de Performance, Artes Cênicas e Tecnologia
LIAA - Laboratório de Interface entre Arte e Ativismo
TRËMA – Artes e Mestiçagens Poéticas
apoio:
DALi – SeCArte
sábado, 13 de novembro de 2010
FITO, ENBA, Raul Machado, Erik Voyager e muita Arte!
De 12 a 15/11
Campus UFSC Florianópolis
Informações e programação completa: http://www.fitofestival.com.br/home
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Ela era moça tímida e retraída. Morava com a mãe e tinha poucas amigas. Era proibida de namorar e sair com garotos. Regra que ela sempre fez questão de seguir, em respeito à sua mãe sozinha, carente e extremamente ciumenta. Na escola ela sempre se sentava na primeira carteira, perto da professora e longe dos burburinhos que atrapalhavam a sua atenção. Nos intervalos ela era aquela garota que comprava seu lanche e voltava para a sala sozinha, comendo lentamente seu empanado de frango. Depois da escola, andava com seu passo curto e ligeiro direto para casa, almoçava com sua mãe e passava o resto do dia por lá.
Ela tinha a delicadeza de um vaso de porcelana chinesa cuidado por uma colecionadora antropóloga. Pele branquinha, magrinha, cabelo longo e escorrido, pé 36, rosto de anjo, bumbum bem redondo e empinado, peitinhos pequenos e salientes apontando para o céu e todos os dentes da boca no lugar certo. Já sua mãe era um pouco mais feia e já carrancuda por tantos tropeços na vida.
Nunca havia beijado a boca de um menino, nunca havia tocado um corpo que exala testosterona, nunca havia sentido mãos firmes segurando sua cintura ou sua nuca. Já havia se apaixonado, duas vezes, mas nunca falou com eles. Foram amores platônicos, que a fizeram escrever milhares de cartas românticas e músicas melosas na sua gaita, que a fizeram perder o ar e chorar ao lembrar-se deles antes de ir dormir, sozinha, na sua cama de solteira. Mas faltou-lhe coragem, nunca trocou olhares nem palavras com estes garotos.
Já havia sido abordada várias vezes por homens. Ela sempre fazia o sinal da cruz, fechava os olhos e ignorava as investidas. Segurava uma corrente com a Virgem Maria na ponta e saia andando com medo. Normalmente eram homens mais velhos, com olhares famintos, mas as vezes eram também garotos esquisitos do colégio.
Distante do amor, sua vida era focada em seus estudos, sua futura carreira profissional, sua mãe e seu prazeres na gaita e na escrita. Mas hoje ela está fazendo dezoito anos e tem um bolo na mesa da cozinha. Sua mãe, sentada esperando-a, abre-lhe um sorriso quando a vê chegar da escola.
-Parabéns minha filha!
-Obrigada. Vou para o quarto, mãe.
-Você está chateada? Alguém fez algum mal para você, minha filha?
-Mãe, hoje eu faço dezoito anos, minha festa de aniversário só tem você, e não tenho nada para fazer de divertido o resto do dia...
-Você não esperou eu te contar o seu presente...
A mãe se levanta, dá um forte abraço na filha, e lhe diz:
-Hoje eu estou te permitindo sair a noite! É seu presente minha filha. Você está crescendo!
A perna da moça treme, um calor repentino deixa sua face toda rosada e uma lágrima lhe escorre do olho esquerdo.
-Obrigada mãe. Você é tudo. Te amo.
O melhor vestido. O perfume caro emprestado da mãe. Sapato novo. Unhas pintadas. Maquiagem. Batom vermelho. A danceteria ia estar cheia hoje, ela tinha que estar impecável. Quando ela fechou a porta de casa, a mãe chorou. Ela partiu sozinha e imponente em direção à festa. Ela queria ser feliz. E beber um pouco também. Um bom vinho, quem sabe.
Foram três taças de vinho tinto barato. Ela se sentia poderosa. Lançava olhares como se fossem foguetes. Suas pernas flutuavam na pista. Suas mãos faziam teatro elegante. Ela caminhou dançando até o seu homem escolhido, apertou a mão dele, olhou nos olhos, olhou para a boca. Mas não beijou. Virou o rosto e saiu rindo. Ela estava no comando, pela primeira vez.
Antes das duas horas da madrugada ela estava de volta em casa. Dormindo feliz com seu dedo e seu clitóris.
No dia seguinte acorda perto do meio-dia, dá um beijo na testa da mãe enquanto ela prepara o almoço e vai para frente da casa. Escorando-se no portão, olhando o movimento da rua, pega sua gaita e começa a tocar. Com um fôlego surreal, sorrindo sem parar, ela toca, grita, canta, dança com o instrumento na boca, como se fosse um canudo da alegre loucura de viver. Com a outra mão, segura um lápis que rabisca o céu com um poema imaginário:
Hoje eu falo pela gaita
E se vocês não me entendem
Já não me importa mais
Pois os pássaros o fazem
E isto para mim basta
Estou, enfim, livre
sábado, 6 de novembro de 2010
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Movimento Menace
Movimento menace constitui-se em uma propósta muito simples, divulgar a arte underground de qualquer um que seja, sem nenhum tipo de censura moral ou restrições legais.Protestar, absorver, tentar entender e inalar. Sinta-se em casa para enviar fotos, desenhos, pinturas, textos, videos, poesia barata e qualquer outra coisa que quiser.
Blog do pessoal: http://menacemovimento.blogspot.com/ (tá nos links do Arterizar também).
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Avisos, Poema e Divulgações
*Jornal Arterizar 03: Em breve será publicado aqui no blog.
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*Poema, de Raul Machado.
Olhos de Boquete
Olhos negros
Mergulhados em branco mar
Engolem-me
Olhos furiosos, profundos,
Compenetrados
Em gemido meu
Olhos de canto de olho
Que me comem por inteiro
Olhos trêmulos
Como minha mão
Que treme de tesão
Que significa
Teus olhos mudos
Como tua boca
Tão cheia de pica
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*Divulgações
-Exposição "CASA", de Lucila Vilela.
O quê: Exposição CASA
Quando: de 14 a 30 de outubro, às quintas, sextas e sábados
Onde: Rua Acadêmico Reinaldo Consoni, 122, Córrego Grande - Florianópolis, SC
Horário: das 20h às 24h
Evento Gratuito
Mais informações: http://expo-casa.blogspot.com/
-Violão na Biblioteca - Projeto Ponteio UDESC, com participação do nosso integrante Caio Marques.
O quê: Série "Violão na Biblioteca
Quando: 28 de outubro de 2010, às 17h30
Onde: Sala Grande da Biblioteca Central
Entrada Gratuita
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Feira do Livro Anarquista - Porto Alegre
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Poemas saídos do forno
Em Tempo
Eu sinto o tempo
Tão encoberto
De minutos
Atormentando
Encucados Cucos
Que já saíram
Da casinha
Desamor Surreal
Meus sonhos
São recheados
Do seu rosto
Já estou ficando
Com sono disto
E de barriga cheia.
Exageros Alcoólicos
Memória cega
De fotografias borradas
Que giram e voam
Como fantasmas
De decência decadente
Vômitos reais
De uma noite falsa
Que já não sinto mais.
O Vento
O vento me sopra
Segredos do universo
E restos de mim inteiro
Varre-me por dentro
E canta-me a mais bela
Ópera
O Choro Triste – poema escuro
Minhas lágrimas
Tão invisíveis para ti
Insignificante rio de tristeza
Não lava a alma
Amassa a cara
E me tira a calma
Minhas lágrimas
Mesmo escondidas
Por entre sorrisos
Abraços
E simpáticos cumprimentos
Ainda estão aqui
Dentro de mim
Enferrujando um pretenso homem de ferro
terça-feira, 19 de outubro de 2010
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
blá.
Novamente a fuga no meio delas, o velho e gasto tema da escrita, a música abençoando metáforas ruins. Acendeu outro cigarro, esmagando sem perceber o filtro entre os dentes; rangia os dentes há muito tempo, mas nunca como nas últimas semanas. O maxilar doía, e abrir a boca era um esforço enorme que não valia a pena. Deixara há algum tempo as palavras de lado, agonizantes e tristes como os sonhos no maldito verão que a sufocava todas as noites. As suas palavras, os pequenos fôlegos, sorrisos internos de dentes tortos, os pedaços de si que conseguia achar um pouco menos horrorosos que todo o resto. As abandonou assim, pretensiosa, querendo encarar a "realidade", no máximo auxiliada por bons autores canônicos. Não precisava de tudo aquilo, da gestação maldita, do isolamento e dos infinitos cigarros. Não precisava escrever, ofício inútil e sem perspectiva, não precisava fingir que sabia sua língua nativa, tudo o que precisava era ler, espreguiçar-se apática sobre um livro qualquer, encarnar escritores já reconhecidos, comer compulsivamente as palavras de outros sem nunca preocupar-se com as suas próprias. Não precisava abrir a boca e sentir a dor do maxilar ressonando com as outras dores, não precisava de palavras para além do utilitarismo preguiçoso do dia a dia. Como se ele bastasse, como se café maquiagem lenços detergente lençóis limpos pão de forma cigarros condicionador pasta de dente vestidos computador lugares-comuns elevador passagem de ônibus guarda chuva bibelôs aspirador de pó cumprimentos cortinas secador de cabelo pudessem a liberar da maldita gana, do suspiro interminável no peito , do desejo por elas, deusas e rainhas, construtoras de mundos mais coloridos, pulsantes. Queria voltar para as palavras para não ter que lidar com o mormaço, o nada corrosivo e áspero de um mundo sem poesia, sem arrebatamentos, sem sexo, um mundo acadêmico com cheiro de marfim e lustra móveis.
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Em Suspenso
Entre os ganchos na pele podia sentir escorrendo macio o sangue pelas costas. Enquanto estava ali pendurada, pensava no que a levara até ali. No que juntou-se lentamente, crescendo, afiando-se aos poucos, tornando o metal brilhante cada vez mais atraente, o seu toque frio numa carícia, a dor pulsante em cócega. Se perguntava quanto tempo duraria, o quanto poderia concentrar o peso num gancho só, a apenas um átimo de romper tecidos, espalhando sangue e pedacinhos de gordura pra todo lado. Lembrou de suas primeiras tentativas, quando ainda não sabia que a dor do rompimento era pouco maior que a da perfuração em si, o que resultou numa grande marca no pulso. Sentia as ondas de calor, principalmente nas escápulas, com os ganchos perto dos ossos. Puxava a corda silenciosamente, a tensão na pele aumentando aos poucos. O momento crucial e tão assustador toda vez : a possibilidade de voar ou de cair sangrando num universo de dor surda. Às muitas sensações se misturavam pensamentos perdidos que ela só conseguia alcançar a pelo menos quinze centímetros do chão. O cabelo roçava levemente na nuca, o suor frio escorrendo em seus ouvidos como lágrimas ao contrário. Era hora de começar a se mover. As pontas dos dedos primeiro, tímidas, seguidas dos pulsos girando devagar, restituindo a cor às mãos brancas salpicadas de vermelho. Não queria encontrar deus, ou o vazio, não queria provar a ela mesma que era possível, não queria os jorros de endorfina, só queria por alguns momentos deixar aquele piso odioso e comum.
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*Mais escritos da Raquel no blog http://www.giroposcentral.blogspot.com/
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Festa Ciências Sociais e Rádio Tarrafa / Exposições de arte
*Museu Histórico de Santa Catarina convida: Exposições de Outubro
-"Decalcadas", com Mariana Longo
-"Som e Fúria", com Renata Pedrosa
O Museu Histórico de Santa Catarina divulga as exposições de outubro de 2010, que contempla duas artistas residentes em São Paulo: Renata Pedrosa e Mariana Longo.
Renata Pedrosa apresenta a instalação “SOM E FÚRIA”.
Composta de quatro caixas de som sobre tripés dispostas uma em cada canto da sala de exposição; cada caixa emite o som de uma voz recitando um trecho literário em looping; para cada caixa de som, uma voz diferente. Do teto descem folhas em branco, de papel japonês ultra-fino (cada uma medindo 5 m de comprimento). A artista procurou criar um diálogo da obra com o espaço do Museu, eliminando os painéis, que inicialmente seriam utilizados para fixar as folhas de papel, deixando-as flutua livremente entre as colunas da sala.
Cada uma das quatro vozes reproduzidas nas caixas de som lê o mesmo texto, mas em ritmos diferentes.
No centro da sala fica difícil compreender o texto uma vez que as narrações se sobrepõem; aproximando-se dos cantos da sala é possível escutar com um pouco mais de clareza uma das versões do texto que, com o tempo, perde o sincronismo em relação às demais. Os papéis ultrafinos e em branco, pendurados no teto, balançam sutilmente quando existe qualquer deslocamento de ar próximo às folhas, dado pelo movimento das pessoas que caminham em direção aos cantos da sala.
Renata Pedrosa é formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Mackenzie, São Paulo/SP e Doutoranda em Poéticas Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da USP/SP. Com uma produção de arte contemporânea, a artista possui um vasto currículo com exposições individuais e coletivas no Brasil e exterior. Participou do 10º Salão Paulista de Arte Contemporânea em 2002 e realizou mostras individuais no MAC Ibirapuera, CCBB em São Paulo, Zone Gallery, em Nagoya no Japão e nas Galerias Vermelho e Virgilio, em São Paulo, entre outras.
Mariana Longo apresenta a exposição “DECALCADAS”.
A artista define a mostra como uma série de trabalhos artísticos desenvolvidos a partir do uso da imagem do decalque. As imagens utilizadas referem-se ao universo doméstico e feminino, com figuras de flores e frutas.
Em alguns trabalhos, a pintura simula o adesivo colado ao avesso, apresentando uma camada branca, que esconde toda a figuração esperada. Uma fina camada de verniz sobrepõe a imagem, aludindo a matéria plástica do adesivo.
Sobre uma pequena mesa, várias garrafas adesivadas com o decalque mostrando o seu avesso, ficando possível ver o lado direito da imagem, apenas pelo interior do objeto. As garrafas recebem uma camada de verniz fosco e no seu inteiro contém um texto enrolado, do artista Franz Krajcberg *, dispostos como mensagens jogadas ao mar.
* Na guerra presenciei a destruição do homem. Depois descobri também a destruição do homem (...) Com toda essa minha experiência de vida, como eu poderia fazer vasinhos com flores para colocar na sala de jantar?
No tríptico “Decalcadas (tatuagem)”, desenhos de corpos em situação de repouso, recebem colagens do adesivo sobrepostos, e colados sobre papel colorido. Aqui a imagem do decalque é usada no lado direito, e a temática trabalhada é a questão do corpo, da colagem e suas referências.
Mariana Longo vive e trabalha em São Paulo. Artista plástica formada pela Universidade de São Paulo, na Escola de Comunicações e Artes, em 2007. Especialista em Arte e Educação pela mesma universidade em 2009. Trabalha com temas ligados à visualidade do universo doméstico e o corpo nesse espaço, em sua pesquisa utiliza diferentes linguagens, como pinturas, desenhos e objetos. Desde 2002, já expôs em diferentes cidades do Rio Grande do Sul, com menção honrosa pela Fundarte, em Santos, Ribeirão Preto e São Paulo.
-Visitação: 08/10/10 a 31/10/10, de terça a sexta, das 10h às 18h.
-Sábado e domingo, das 10h às 16h.
-Conversas no Museu com a artista Renata Pedrosa.
-Dia 07/10/10 – Quinta-feira às 18hs
-Local: Auditório do museu
-Aberto ao público
MUSEU HISTÓRICO DE SANTA CATARINA
Palácio Cruz e Sousa - Praça XV de Novembro, 227 - Centro - 88010-400 - Florianópolis - SC
Fone:(48)3028-8091 - mhsc@fcc.sc.gov.br
mhscconvida@fcc.sc.gov.br
http://www.mhsc.sc.gov.br/
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Simpósio Internacional de Literatura Argentina / Programação atualizada Semana de Ciências Sociais
*SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LITERATURA ARGENTINA:
"AS BIBLIOTECAS INSACIÁVEIS"
-UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
-CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
-29 de setembro a 1° de outubro
-AUDITÓRIO HENRIQUE FONTES
-Programação Completa: http://www.onetti.cce.ufsc.br/simposio/programas.html
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*Programação Atualizada da Semana Acadêmica de Ciências Sociais/UFSC
XI Semana Acadêmica de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Catarina
Ciências Sociais: para que? Para quem?
PROGRAMAÇÃO
Segunda-Feira 27/09
09h00 – 18h00 Inscrições e Informações
Local: Hall do CFH
Noite
18h30 Mesa de abertura
19h00 Mesa Redonda: Cultura Brasileira e Resistência Cultural
- Rafael José de Menezes Bastos (MUSA/ANT/UFSC)
- Mário Davi Barbosa (CCEA)
Local: Auditório do CED
Terça-Feira 28/09
Manhã
09h00 Mesa Redonda: Crise e Imperialismo e o Papel da midia
- Valcionir Corrêa (LEFIS/ LASTRO/ UFSC)
- Edmilson Silva Costa (FMU/ USJT)
- Jacques Mick (SPO/UFSC)
Local: Auditório do CED
12h00 Filme “O Preço de uma escolha”
(Atividade promovida pelo NIGS e IEG)
Local: Mini-Auditório CFH
Tarde
15h00 Oficina: Ensino de Sociologia no Ensino Médio
- Valcionir Corrêa (LEFIS/LASTRO/UFSC)
Local: Mini-Auditório CFH
Noite
19h00 Conferência: Antropologia Contemporânea
- Sônia Weidner Maluf (ANT/UFSC)
Local: Auditório do CED
Quarta-Feira 29/09
Manhã
09h00 Mesa Redonda: Organizações de Classes
- Daniel Lopes Bretas (SPO/UFSC)
- Felipe Corrêa (Farj)
- Bernardete Wrublevski Aued (TMT/ UFSC)
Local: Auditório do CED
Tarde
14h00 Apresentação de trabalhos Acadêmicos
Local: Mini-Auditório CFH
15h00 Oficina de Educação Socialista
Caroline Bahniuk (ACAP/TMT/UFSC)
Adriana D`Agostini (CED/UFSC)
Local: Mini-Auditório CFH
Noite
19h00 Mesa Redonda: Trabalho como Princípio Educativo
Paulo Sérgio Tumolo (CED/UFSC)
Sandra Dalmagro (ITERRA/TMT/UFSC)
Local: Auditório do CED
Quinta-Feira 30/09
Manhã
09h00 Mesa Redonda: Criminalização dos Movimentos Sociais
Fernando Ponte de Sousa (LEFIS/ LASTRO/SPO/UFSC)
Daniela (MST)
Local: Mini-Auditório CFH
Tarde
14h00 Apresentação de trabalhos Acadêmicos
Local: Mini-Auditório do CFH
15h00 Roda de debate: Comunicação Alternativa
- Raul Fitipaldi - Desacato.info
- Coletivo Radio Tarrafa
- Radio Campeche
- Revista Expressões Geográficas
- Cazé - CMI
- Passa Palavra
Local: Mini-Auditório CFH
Noite
19h00 Mesa Redonda: Eleições 2010
(Debate promovido pelo “Percepções”)
- Erni Seibel (NIPP/UFSC)
- Héctor Ricardo Leis (SPO/UFSC)
- Remy Fontana (SPO/UFSC)
Local: Auditório do CFH
Sexta-Feira 01/10
Manhã
09h00 Mesa Redonda: Prática Profissional do Cientista Social
- Anahi Guedes de Mello (NIGS/NED/UFSC)
- Gabriela Cardoso Ribeiro (Mestranda em Sociologia Política/UFSC)
- Manuela de Souza Diamico (Mestranda em Sociologia Política/UFSC)
Local: Mini-Auditório CFH
Tarde
15h00 Roda de conversa: discussão sobre o currículo do curso de Ciências Sociais
Local: Bosque do CFH
Noite
20h00 Cine Paredão
22h00 Festa Cultural de encerramento
Local: Oasis do CFH
Sábado 02/10
13h00 Vivência na área de uso comum em Imbituba (inscrições a partir de 4af – vagas limitadas)
Local: Ponto de Ônibus em frente ao CFH
* Volta programada para a manhã de domingo dia 03/10
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Semana de Ciências Sociais 2010 / Poemas
-De 27/09 a 01/10
-No auditório do CFH
Segunda-Feira 27/ 09
Manha
09h00 Inscrições e Informações
Tarde
14h30 Teatro brigada mítico
Noite
18h30 Abertura da Semana
Mesa redonda: Cultura Brasileira e Resistência cultural
Rafael José de Menezes Bastos (UFSC)
Representante do Centro Cultural Escrava Anastacia (a confirmar)
Terça-Feira 28/09
Manha
09h00 Mesa Redonda: Crise e Imperialismo e o Papel da midia
Valcionir Corrêa (UFSC)
Edmilson Costa (Unicamp)
Jacques Mick (UFSC)
Tarde
14h00 Apresentação de trabalhos Acadêmicos
15h00 Oficina: Ensino de Sociologia no Ensino Médio
Valcionir Corrêa (UFSC)
Noite
18h30 Apresentação de trabalhos Academicos
19h30 Conferência: Antropologia Contemporânea
Local: Mini- Auditório CFH
Sonia Maluf (UFSC)
Quarta-Feira 29/09
Manha
09h00 Mesa Redonda: Organizações de Classes
Liberais; Daniel Lopes Bretas (UFSC)
Anarquistas: Representante a confirmar
Comunistas: Bernadete Wrublevski Aued (UFSC)
Tarde
14h00 Apresentação de trabalhos Acadêmicos
15h00 Oficina de Educação Socialista
Caroline Bahniuk
Adriana Da’Augostine (UFSC)
Noite
18h30 Apresentação de trabalhos Acadêmicos
19h30 Mesa Redonda: Trabalho como Principio Educativo
Local: Mini- Auditório CFH
Paulo Tumolo (UFSC)
Sandra Dalmagro, (UFSC)
Quinta-Feira 30/09
Manha
09h00 19h00 Mesa Redonda: Criminalização dos Movimentos Sociais
Fernando Pontes (UFSC)
Daniela – MST
Tarde
15h00 Roda de debate: Comunicação Alternativa
Raul Fitipaldi (UFSC)
Coletivo Radio Tarrafa (Florianópolis)
Radio Campeche (Florianópolis)
Revista Expressões Geográficas
CMI: Cazé
Noite
18:30 Mesa Redonda: Eleições 2010
(Debate promovido pelo espaço Percepções)
Sexta-Feira 01/10
Manha
09h00 Mesa Redonda: Prática Profissional do Cientista Social
Anahi Guedes de Mello
Gabriela Cardoso Ribeiro
Manuela Diamico (a confirmar)
Tarde
14h00 Roda de conversa: discussão sobre o currículo do curso de Ciências Sociais
Noite
20h00 Cine Paredão
22h00 Festa Cultural de encerramento
Sábado 02/10
Manha
13h00 Vivência na área de uso comum em Imbituba
Local: Ponto de Ônibus em frente ao CFH
* Volta programada para a manhã de domingo dia 03/10
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*Poesias, de Raul Machado.
Escrever
Escrevo através de janelas sombrias
Que se abrem e escorrem
Por entre meus pés gelados
Um fosso de fantasmas
Engole-me, me suga
Como a folha que dança ao vento
Preso está eu, às algemas da mente
Que caduca, que complica, que esquece
Que voa e esquece que pode
Embalado por sinfonias
Embriago-me
De vocês
Eu, que tão só
Vivo entre as letras
Que cospem minha dor
Sem que os olhos mortos
Possam me ler
Mas sinto
A beleza
Que me corrompe
Que me engana
Que me vende o teu sorriso
E disfarça a loucura
Canso-me
Farto da própria obsessão
Deito-me
Deleito-me
Na masturbação
De outros corpos
Que na poesia
Não são mais meus
Somente gritos
Flagelos
De sombras atormentadas
Pela luz
Sonhos e tesão
De um só pulsar
Que há de nascer
Em folhas antes brancas de paz
Que agora gemem de vida
Ihh-Dente-Idade
Sou viciado
Em tantas
Coisas
E mais do que nelas
Sou viciado
No que elas representam
Viciado em identidade
Até a perder
Em uma mesa de pôquer
Sou isso
Ou um reboliço?
Vôos
Se eu tenho medo da altura
Não é porque não queira voar
Mas é por que estou tão alto
Que talvez não consiga mais voltar
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Divulgações / Projeto de Arte-Postal Arterizar
*Terceira "Semana Ousada de Artes"
-De 20 a 24 de Setembro
-Cinema, teatro, música, dança, artes visuais, debates, oficinas.
-Informações e programação completa aqui: http://www.semanaousada.ufsc.udesc.br/
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*Mostra de Cinema Argentino "Tradição e Anomalia" na UFSC
-De 20 a 24 de Setembro
-No auditório "Henrique Fontes", no CCE/UFSC.
-Informãções e programação completa aqui: http://www.onetti.cce.ufsc.br/simposio/programas.html
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*Projeto de Arte-Postal do Arterizar
-Foram enviados os dois primeiros envelopes-obras-abertas-intervenções para outros dois coletivos artísticos, um de Curitiba e outro de Salvador. Um terceiro envelope ainda está sendo montado.
-No final de novembro a idéia é que eles retornem ao Coletivo Arterizar para que possamos expor as diferentes intervenções conscientes e inconscientes ocorridas e produzidas por todas as mãos,pés, carimbos e cabeças por quais passou.
-Quem quiser participar é só entrar em contato conosco pelo e-mail do Arterizar.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Protesto Artístico!
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Floripa Teatro
Para maiores informações e programação completa do evento: www.floripateatro.com.br
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Divulgações / Poesias
*Vídeo: Como montar uma rádio livre? - Rádio Tarrafa FM-Livre!
- http://www.youtube.com/watch?v=yO9glpQdZfs
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*Lançamento do documentário "Impasse".
Você está convidado(a) para o lançamento do documentário Impasse, sobre as manifestações dos estudantes contra o aumento da tarifa do transporte coletivo em Florianópolis.
Será no dia 16 de setembro, às 19h30min, no auditório da Reitoria da UFSC.
Além de cenas que não foram exibidas em nenhuma tevê, incluindo flagrantes de violência durante os atos públicos ocorridos em maio e junho deste ano, o documentário revela o que pensam usuários, trabalhadores, especialistas e empresários do transporte.
Expõe as contradições e as diferenças de posição dos estudantes e dos representantes dos governos municipal e estadual.Impasse discute ainda questões que se entrelaçam e se completam: Por que a cidade se tornou um símbolo na luta pelo transporte público? O que aconteceu durante a ação da Polícia Militar na Universidade do Estado de Santa Catarina, no dia 31 de maio de 2010? Qual são os limites e os direitos dos movimentos sociais na democracia? Quais são os prós e os contras do atual modelo de transporte? Por que a mobilidade urbana é um dos grandes temas do século XXI? Existe, afinal de contas, saída para este impasse?
Veja o trailer aqui: http://www.youtube.com/watch?v=Xe6087kYMYU
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*Reunião expandida do conselho municipal de políticas culturais de Florianópolis
-Dia 13 de setembro, segunda-feira, 18h30
-Sala Multiuso do Museu Victor Meirelles
O Conselho Municipal de Políticas Culturais de Florianópolis convoca artistas, críticos, produtores, professores, curadores, pesquisadores, técnicos de museus e centros culturais, membros de associações de artistas, entre outros interessados em artes visuais a participarem da discussão e da proposição das políticas culturais para o setor no município de Florianópolis.
Estará na pauta da reunião o relato sobre as ações do CMPC e o Plano Municipal de Cultura de Florianópolis que norteará as políticas públicas para o setor nos próximos dez anos, dentre outras questões pertinentes.
Sobre o Conselho Municipal de Políticas Culturais de Florianópolis (CMPC):
O CMPC é órgão deliberativo, consultivo e normativo de assessoria direta ao Executivo Municipal, no que se refere a assuntos de planejamento e orientação cultural no município, nos termos da Lei nº. 7974, de 29 de setembro de 2009, que altera a lei 2.639 de 1987 que cria o Conselho Municipal de Cultura de Florianópolis.
O CMPC é composto por 30 membros, sendo 15 designados pelo Poder Executivo Municipal e 15 eleitos pela Conferência Municipal de Cultura ou sociedade civil organizada para a gestão bienal conforme o Decreto nº. 7825, de 28 de dezembro de 2009.
Mais informações: http://politicaculturalfpolis.blogspot.com/
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*Poesias, de Raul Machado.
Para o Ontem
Não tive tempo
De amarrar os sapatos
Que me soltaram de você
Para bem longe
Mas deixei
Ali no vaso velho
Um par de bromélias
Pra você chorar
Sherlock não está em Holmes
-Isto é pão com ovo?
-Alimentar, meu caro Waffles!
Poseidon
Durante a noite
Vosso lar era engolido
Esvaziado
E vosso tronco arrancado
Justiça como coice
Hoje acordei cedo e vi
O mar todo mobiliado
John Cage II – Anarquia Musical
Além
De compositores
Decompositores
Com posição
Além
Madalena
Deus me livre
Deus meu, livre
Seus seios, tire
Atire
Pra cá
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Divulgação de Colóquio / Conto Literário
-V Colóquio Poéticas do Urbano: Coletivos de Arte no Brasil
-Data: 08 e 09 de setembro (quarta e quinta)
-Local: Sala do Mestrado - Bloco Artes Visuais - Centro de Artes - UDESC
Programação:
Dia 08 – Quarta-feira:
Abertura
14:30 horas
Célia Antonacci (UDESC)
Coletivos de Arte no Brasil: Políticas e Poéticas em Trânsito
15:30 horas
André Mesquita (USP)
Fragmentos coletivos: táticas para uma cultura de oposição
16:30 horas - Intervalo
17:00 horas
Yara Guasque (UDESC)
Ciberestuario manguezais
18:00 horas
Apresentação do curta-metragem “Vidas e Vendas na Rua” (2008)
Grupo de Pesquisa “Poéticas do Urbano”
18:30 horas
Mário Ramiro (USP)
Intervenção Urbana/Intervenção na Mídia
19:30 horas - Debate
Dia 09 - Quinta-feira:
9:00 horas
Franciely Dossin (UDESC)
Uma frente contra o racismo: Coletivo Frente 3 de Fevereiro
9:45 horas
Elisa Dassoler (UDESC)
Coletivo "Arte na Periferia": a territorialização da arte na periferia sul de São Paulo
10:30 horas
Pedro Teixeira (UDESC)
Tags/pixos/graffiti em rede
11:15 horas
Andrea Gnego (UDESC)
Análise do material gráfico de alguns coletivos
14:00 horas
Aracéli Cecilia Nichele (UDESC)
O que está dentro fica X o que está fora se expande
Apresentação de dissertação (PPGAV)
Banca:
Dra. Célia Antonacci (UDESC) - orientadora
Dr. Mário Ramiro (USP)
Dra. Sandra Makowiecky (UDESC)
..........
V Colóquio Poéticas do Urbano
'Coletivos de Arte no Brasil: Políticas e Poéticas em Trânsito'
O Grupo de Pesquisa 'Poéticas do Urbano' realizará em setembro de 2010, nos dias 8 e 9, no CEART/UDESC, o 'V Colóquio Poéticas do Urbano', neste ano com a temática dos coletivos de arte no Brasil. Sob o título 'Coletivos: Políticas e Poéticas em Trânsito', o colóquio pretende trazer à discussão os desdobramentos políticos dos anos 1960 aos dias de hoje e suas manifestações e/ou contestações no campo das artes. O colóquio objetiva apresentar as pesquisas de quatro mestrandos em Artes Visuais de PPGAV do CEART/UDESC, que se inserem nessa temática, e palestras de professores pesquisadores dessa área.
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*Conto, de Raul Machado.
Outros Tempos
-O que são aquelas caixas?
- São da Rússia.
-Não foi isso que perguntei.
-O que você perguntou?
-O que tem dentro destas caixas.
-Vodka.
Empilhadas no canto da cozinha, entre a geladeira e a porta do quarto de despensa, estavam quatro caixas de papelão recheadas de vodka. O problema é que estavam lá a mais de três semanas eu acho.
-E por que estão ali?
-Por que não achei outro lugar melhor para deixá-las.
-De novo, não foi isso que perguntei.
-Conte-me então.
-Por que elas estão ali a três semanas, eu acho?
-Não quero beber agora.
-E vai beber quando?
-Não sou astróloga.
Em um dia frio de inverno que ela não estava em casa eu resolvi fuçar aquelas coisas. Realmente eram da Rússia, e realmente era vodka. Todas as garrafas estavam perfeitamente fechadas, com exceção de duas, vazias. A pilantra já tinha bebido e nem me contou. Deu-me vontade de tomar todas! Abri uma, só uma.
Vento batendo árvores contra janelas lá fora. Um copo e uma garrafa de vodka aqui dentro, sob a mesa de madeira da sala. Vodka russa! Madeira de reflorestamento, não que isto importe. Tomei aquela garrafa inteira.
Completamente bêbado consegui ligar para ela, depois de três tentativas frustradas de apertar os números certos no telefone.
-E aí!
-E aí o que?
-Tomei aquela vodka de merda!
-O que?
-A tua vodka de caixa de papelão dentro das Rússias. Tomei uma garrafa daquele troço. Aquele entre três semanas de geladeira e a dispensa pela porta. Tomei uma garrafa inteira. Puta que o pariu. To com fome aqui, tudo girando nessa merda. Vô lá fazer um sanduba. Tchau. Tchau. Tchumbaaaa! Ta... Fui. Tchau.
E desliguei.
Não sei quanto tempo se passou. Ela chegou furiosa em casa. Havia comida por todos os lados. O fogão ligado. Eu empanturrado de pão com queijo. Noite lá fora. E eu sem minhas calças.
-Mas que merda você fez hein!? Filho da puta! Olha a cagada que tu fez nessa cozinha. Uma garrafa inteira? Desgraçado, vagabundo, bebum! Toma vergonha nessa tua cara!
-Hein? Tomei. Tomei uma. To com azia.
-Se fode imbecil! Fogão ligado ainda, puta que o pariu. Quer se matar idiota?
-Não. Não. Tomei uma só.
-O caralho! Tem três garrafas vazias nessa porra!
-Hã? Você...
-Só bebendo pra te agüentar filho de uma égua.
Vi as mãozinhas dela abrindo outra garrafa. E nada mais.
Dormi e não lembro o que sonhei.
Acordo com o cheiro de café. Ela linda, assoviando feliz, fazendo um sanduíche frio, com aquela calcinha delicadamente dividindo o bumbum dela no meio. Que belo dia, imaginei!
-Por que não faz um misto quente pra gente?
-O gás acabou.
-O que? Comprei anteontem...
-Pois é, deve ta vazando. Vou reclamar com o zelador.
-Boa.
Sentei-me à mesa e fiquei olhando pras coxas delas. Que fome! Que sede. Que dor de cabeça! Olhei pra despensa. Olhei pra geladeira. Olhei entre uma e outra. Estranho.
-O que são aquelas caixas?
-São da Rússia.
-Não foi isso que perguntei.
sábado, 28 de agosto de 2010
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Divulgação Rádio Tarrafa / Arte-Postal / Arterizando Poesias
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*Arte Postal
O Coletivo Arterizar está iniciando um projeto de arte-postal. Estamos produzindo envelopes com intervenções externas e com desenhos e textos abertos para intervenções futuras de quem queira participar. Dentro estamos mandando também um texto-base sobre a idéia de arte-postal e o nosso propósito de obra e nosso objetivo de retomar esta forma artística.
Quem quiser participar, entre em contato conosco: coletivoarterizar@yahoo.com.br
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*Poesias de Raul Machado
Cadeia, Alimentar.
Uma teia
Entre duas cordas do varal
Trampolim do vento
E de presas
De uma aranha que secou ao sol
E não arranha mais o tempo
Era Já era
Do alto de tribunas
Vestimos gravatas
Cuspimos bravatas
E apontamos o dedo para o céu
Do interior de uma tela
Passamos gel em nossos cabelos
Batemos na mesma mesa e tecla
Gritando verdades ao léu
Ignorantes da finitude
Do falso apreço
E da mentira
Que a vida tem de ter um preço
Até que o universo
Engula-nos
Com o desprezo
Que merecemos
Absinto
Absinto minha embriaguez
Verde da bile
Rompendo as têmporas
Afogando-me
Em paisagens bucólicas
Onde escrevo na madeira
De um balanço qualquer
domingo, 15 de agosto de 2010
terça-feira, 10 de agosto de 2010
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*Poesias de Raul Machado
Lado B
Barbudo
Brabo
Barrigudo
Assim era Burgos
Que apesar do nome
Nada tinha de burguês
Adorava caminhar
Durante as frias madrugadas
De Buenos Aires
Em busca de um bar
De Blues
Apreciava-lhe
O som do bandolim
As botillas de vino
E o cortejar
Das belas porteñas
Preferia as bundudas
Mesmo que nem sempre tão bondosas
Para ele,
Sempre belas
E quando estava baixo-astral
Lia poemas de Borges
Ia à Bombonera
Assistir ao Boca Juniors
Ou corria atrás de algum boquete
Em algum bacanal
Bissexual
Ultima vez que o vi
Estava bêbado
À beira de um precipício
(Ou seria de um princípio?)
Ouvindo Beatles
No lado B
Gritei:
-Babaca! Bisbilhotando a morte?
Ele só bocejou. E Bluft!
Re-ssacas-flexos.
Nas frias manhãs
De inverno ilhéu
Acordo com gostos na boca
De vinho
De mulher
No quarto de não-sei-quem
Nu ao léu
No banheiro
Um reflexo meu inteiro
E não sei quem está mais torto
Eu
Ou o espelho
Azul I
E a manchete profetiza:
“O azul será a cor do verão”
Mas qual, dentre tantos?
O marinho está meio sujo
O celeste meio molhado
E o calcinha inteiro enfiado
Em algum buraco escuro.
Azul II
E se tirassem o azul-calcinha daquela pintura?
-Ela ficaria nua.
Azul III
E o que será que virará moda depois do azul-calcinha?
-Os pentelhos.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Cultura-Livre / Divulgação / Avisos
-Fonte: Wikipedia
A cultura livre é a visão da cultura promovida por um heterogêneo movimento social baseada na liberdade de distribuir, modificar trabalhos e obras criativas.
O homem é um ser social e organiza seus contatos através de conexões, ou como diria Castells: "Redes constituem a nova morfologia social de nossas sociedades, a difusão da lógica de redes modifica de forma substancial a operação e os resultados dos processos produtivos e de experiência, poder e cultura", dessa forma, em redes onde existe uma interatividade real e não apenas quantitativa entre os seus elementos, alterações substanciais em alguns dos "nós" geram efeitos que podem ser percebidos em toda a sua estrutura.
Quando se fala em alterações sociais, alguns momentos históricos devem ser levados em consideração antes de tratarmos a questão da cultura livre. O movimento teve origem com os acontecimentos de 1968, em que críticas incessantes contra a falta de pluralismo das informações pelos grandes veículos de comunicação eram feitos com freqüência pelos movimentos sociais; em países onde a ditadura estava instaurada essas manifestações eram ainda mais endurecidas. Os anos 1980 ficaram marcados pelo surgimento dos "grassroots", ou movimentos sociais de base que ocorriam sem quaisquer mediações das estruturas tradicionais de poder como a imprensa, as grandes corporações ou os partidos políticos. Mas é somente a partir dos anos 1990 com a disseminação da internet na metade da década (já que ela facilitava as atividades em termos de tempo e custo, e por possibilitar a organização de pessoas de diferentes localidades além de quebrar o monopólio da emissão e divulgação das informações) que o movimento ganha suas formas e força com a discussão copyright x copyleft que criticava a propriedade intelectual privada buscando a socialização do conhecimento. Os ciberativistas são peças fundamentais para que esse objetivo se concretizasse.
É notório que entre estes períodos houve um desenvolvimento no que diz respeito à ampliação das reivindicações, primeiro pela expansão das próprias relações sociais (conexões) geradas, sobretudo pela crescente onda de globalização (onde a lógica do local perde sua importância em função dos assuntos que geram efeitos globais) e em segundo lugar pelo surgimento e disseminação das novas tecnologias. Outro aspecto relativo às mudanças ocorridas entre esses períodos é que as lutas sociais deixam de ter um aspecto vertical de poder para assumir uma postura horizontal, assim sendo o indivíduo como "membro organizador" cede espaço para o intercâmbio de informação entre os diversos autores com o intuito de obterem efeitos mais amplos.
Copyright e Direitos Autorais
O processo pelo qual uma obra deixa de ser passível de direitos autorais e passa ao domínio público é notoriamente complexo e desigual; em determinados países, obras que já deveriam pertencer ao domínio público tiveram o período de vigência do copyright protelado. Demonstrando um desequilíbrio entre a sociedade e o poder econômico. Podemos dizer então que a Cultura Livre defende que todo bem cultural, científico e tecnológico produzido deveria pertencer a toda a sociedade. Para tanto deve oferecer a liberdade de uso, modificação, adaptação e distribuição a todos.
Software Livre
A CSL (Comunidade do Software Livre) acredita que as ações que envolvem as liberdades do software devem se basear numa atitude de enfrentamento a propriedade intelectual. Richard Stallman, fundador da "Free Software Foundation", definiu quatro liberdades essenciais para manter um software livre:
-1. A liberdade de executar o programa para qualquer propósito.
-2. A liberdade de estudar como o programa funciona, e para isso o acesso ao código-fonte é um pré-requisito básico.
-3. A liberdade de redistribuir cópias de modo a beneficiar outras pessoas.
-4. A liberdade de aperfeiçoar o programa e liberar suas melhorias.
Creative Commons
Com bases nesses conceitos, estudantes, artistas e juristas começaram a contestar a aplicabilidade legal e consensual dos direitos intelectuais de natureza criativa e em 2002 propuseram o Creative Commons. Este é um modelo mais flexível de propriedade sobre a obra, organizado, resumidamente, da seguinte forma:
-1. Atribuição: De acordo com esta licença, outras pessoas podem copiar, distribuir, exibir e executar a obra; criar obras derivadas e fazer uso comercial da mesma, desde que haja crédito ao autor. Todas as replicações precisam ter os termos da licença explicados.
-2. Uso não comercial: Esta é a licença não comercial, ou seja, as outras pessoas podem copiar, distribuir, exibir e executar o trabalho apenas para propósitos não comerciais. A licença continua válida para todos os trabalhos derivados do primeiro.
-3. Vedada a criação de obras derivadas: permitido que outros copiem, distribuam, exibam e executem o trabalho original, mas não podem fazer outros trabalhos a partir dele.
-4. Compartilhamento para a mesma licença: Esta, por sua vez, permite que somente sejam feitos trabalhos derivados abaixo da mesma licença que o autor utiliza em sua própria obra.
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*Divulgação: Porta-Curtas Petrobrás
-Portal virtual gratuito onde é possível assistir a vários curtas brasileiros (animações, adulto, documentário, experimental, ficção, trailer e vinheta).
- http://www.portacurtas.com.br
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*Avisos
-Jornal Arterizar 03 diagramado e entrando em processo de impressão. Em breve mais informações e o jornal nas ruas!
-Está sendo organizado o Lançamento em Floripa do livro de poesias "Alegre Vômito", de Raul Machado. Em breve mais informações. Para quem não mora na ilha, pode adquirir o livro por aqui: http://www.editorazouk.com.br
-Arterizar de portas abertas. Entre em contato conosco, mande suas sugestões, críticas, artigos culturais e sua produção artística: coletivoarterizar@yahoo.com.br .
-Novos links no nosso blog. Dêem uma olhada.
Abraços! E que venha o segundo semestre de 2010.
sábado, 24 de julho de 2010
Livro de Poesias "Alegre Vômito", de Raul Machado
-Já está a venda o primeiro livro de poesias do nosso integrante arteiro!
-Para maiores informações, ou para adquiri-lo, entre no site da editora: www.editorazouk.com.br
-Ou diretamente pelo email do Arterizar: coletivoarterizar@yahoo.com.br
-Em breve informações sobre o lançamento.
Abraços!
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Arterizando / Divulgações
O Culpado
Um relógio manchado de sangue apita no ouvido. Desperta perto demais de mim. O sangue me lembra a cena, me lembra o que fiz ontem à noite. Não consigo voltar a dormir. Está tudo perto demais de mim.
Levanto-me em direção ao banheiro. Preciso descarregar algo. Talvez eu consiga cagar minha alma.
Não vejo nada. Meu banheiro escurece. Antes de chegar, caio no chão e desapareço de minha casa. Não há mais nada perto de mim. Desespero.
Creio estar sonhando. O sangue escorre nos meus olhos, o sangue não é meu. Busco caminhar entre uma névoa forte, tateando paredes de pedra, brinquedos de crianças, sapatos furados e placas sem indicação. A neblina me faz lembrar a serra onde conheci uma menina. Não sei onde estou. Faz frio, mas estou nu.
Não vejo minhas mãos, não vejo meu corpo. Branco como nuvem, misturo-me ao cenário. Sou aquela placa, aquela parede, aquele sapato. Não sou nada. O sangue que antes me pesava a pálpebra agora aparece jorrando, diante de mim, em bonita fonte que parece estar no centro de alguma praça. Uma moça nua de costas admira a cena. Tento alcançá-la.
Acordo. Vejo a lâmpada da minha sala de casa. Ao meu lado o banheiro. O coração faz baterias de carnaval em meu peito. Preciso levantar. Limpar o sangue. Limpar a consciência já não é mais possível.
Não consigo. Os sonhos me invadem a realidade. Não consigo dormir. Não consigo acordar. Não há luta. Há apropriação. Pesadelos. Não consigo mais. Fecho os olhos. E o sangue? E meu passado? Preciso fugir.
Não consigo. Os sonhos me abraçam, me jogam no chão, me chutam a cara, me afundam na memória. A faca, a pele se abrindo, os gritos. As cenas surgem como fotografias na minha mente. Não há saída por aqui.
Preso em mim mesmo, ouço as batidas na porta. É a polícia, só pode ser. Tento gritar. A nuvem escura me cala. Relaxo os músculos, admito. Perdi. Minhas pernas não são nada mais do que frágeis plantas secas e desengonçadas. Derrota.
Aqui de dentro vejo me carregarem. Meu corpo sujo na prisão, no hospício, pessoas falando comigo, amigos chorando. Meu rosto não mexe. Sou jogado em pequena sala. Há câmeras. Elas não podem ver nada. Deito novamente na minha cama e ao meu lado a culpa sorri fedorenta. Deixo o relógio apitar, não há sangue nele, nem horas, nem medo. Sonho, pois aqui não há testemunhas. Nunca mais haverá.
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*Poesias, de Raul Machado
A CASA DA MENINA
Na madeira
Tuas madeixas
Cheias de maneiras
No quarto
Sem cadeiras
Nem um quarto de cheiro
De terceiros
Entre criado-mudos
Ao lado da cama que geme
Caminho lentamente
Na tua casa que pende
E torto como ando
Não vejo teu horizonte
Somente pontes que atravessam
Os restos de roupas
Que deixei cair tropeçando
RESSACA II
Mas sempre acorda o outro dia
Que insiste
E nunca admite
Ser o dia seguinte
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*Divulgações
- II Floripa Blues Festival - 21/07 - Quarta
Um noite especial dedicada ao blues com participações especiais de Fernando Noronha, Marcelo D'Ávila, Armando Felipe da Silva e Rick Boy Slim que apresentam canções no ritmo do blues.
Local: Teatro Álvaro de Carvalho - Rua Marechal Guilherme, 26 - Centro.
Horário: 21h.
Ingresso: R$ 20 e R$ 10 meia-entrada.
Ponto de Venda: no local.
Informações: (48) 3028-8070
-28 Festival de Dança de Joinville
Estilos variados de dança, mostras competitiva, contemporanêa e infantil, oficinas, cursos, apresentações gratuitas, etc. O maior festival de dança da América Latina.
Quando: 21/07 a 31/07
Local: variados
*Mais informações e programação completa aqui: www.festivaldedanca.com.br
-Show de Jorge Drexler em Floripa
Quando: 27/07, às 21h.
Local: Teatro Pedro Ivo
Ingressos: bilheteria do CIC, TAC, Pedro Ivo, Loja Colombo Iguatemi e www.blueticket.com.br
quarta-feira, 14 de julho de 2010
A Fábula da Carta
Era noite e fazia frio. O vento fazia ranger a pequena casa de madeira solitária no meio da floresta. O ano era 1485, em alguma região desconhecida do mapa. O povoado mais próximo da casa ficava a 8 quilômetros, e o único meio de se chegar lá era caminhando ou no lombo de um cavalo.
Na pequena casa perdida morava um misterioso homem, com sua misteriosa mulher, e mais alguns ratos. Um pequeno lampião iluminava a mesa de madeira no centro da sala, onde repousavam as garrafas de vinho e os queijos produzidos pelos dois, quando naquela sombria noite os tambores das patas dos cavaleiros da morte se fizeram ouvir por toda a região.
O pobre homem não viu quando os cavaleiros invadiram sua casa, estilhaçando janelas e zumbindo como demônios, tomaram seu vinho, comeram seu queijo e de facas em punho marcaram os olhos de sua mulher com um X, o sinal da doença. Tão ligeiros como eles chegaram, eles se foram, sumindo na escuridão.
Ajoelhando perante o Livro da Magia, o homem chorou e rezou por sua mulher. De nada adiantou. Em uma semana ela estava cega, na segunda semana já estava paranóica e a loucura cada vez mais lhe comia o cérebro. Na terceira semana morreu ao enfiar uma pena, embriagada no nanquim, em seu peito. Na sua boca a carta de despedida amassada entre os lábios agora gelados. O homem leu, e sabia o que tinha de ser feito.
Na manhã seguinte ele caminhou sozinho até o povoado. Carregava nos braços o Livro da Magia, a carta de sua mulher morta, uma pena, um vidro de nanquim e um baralho de cartas. Foi ao encontro de Madame Cabeça-de-Lua, especialista em química e jurada de morte pelo Reinado por prática de bruxaria, que ninguém jamais vira a face, sempre coberta por uma máscara de madeira. Dizem que é impossível retirar a sua máscara e o único que conseguiu tal façanha viu seu próprio corpo transformar-se inteiro em pedra e ser lançado aos céus para lá viver eternamente sozinho: a Lua.
O homem conseguiu encontrar a Madame em uma pequena caverna próxima ao mercado. Contou-lhe sua história e recebeu a simpatia dela. Ela haveria de criar um baralho de cartas inteiramente novo, com a pena e o nanquim usados pela mulher do homem, personificando a morta na Rainha, e o homem no Rei. Esta era a única maneira dele fugir dos cavaleiros da morte e reencontrar a sua amada. Mas para isto, o homem teria que renunciar à sua própria vida. E assim o fez, com a mesma pena e o mesmo nanquim que sua mulher.
As lendas contam que o baralho ficou pronto no verão de 1490. O homem e a mulher, Rei e Rainha, estavam juntos novamente. Madame Cabeça-de-Lua deu-lhe os nomes: Nanqueen e Nanking. O baralho nunca foi usado e nem visto, até a morte de Madame, queimada viva em sua caverna.
Dizem que o fogo queimou tudo que havia ali dentro, menos duas coisas: duas cartas. Nanking, encontrada e capturada, e Nanqueen, vista voando entre as cinzas e a fumaça, como em um vôo cego, sem jamais ter sido encontrada novamente. O padre, fascinado com o fato de Nanking ter resistido, a guardou em um cofre no subterrâneo da igreja. Ele temia que a carta estivesse possuída por poderes diabólicos, mas cogitou que ela escondesse também algum segredo de vida eterna, por ter resistido.
Durante uma madrugada o padre estava dormindo em seu pequeno quarto na igreja, quando gritos desesperados lhe invadiram os ouvidos. Assustado, levantou-se e correu para o salão principal. Os gemidos, viscerais e agudos, lhe arrepiaram a espinha. Não havia mais ninguém com ele ali, e os gritos não paravam. Cada vez mais altos, mais profundos, os gritos tornaram-se sons guturais, e mais pareciam o vomitar de um espírito de profundezas obscuras jamais vistas. O padre, em posição fetal frente à cruz de Jesus, chorava e pedia clemência. As suas calçolas já estavam borradas de medo.
Em meio aos vômitos infernais e ao seu próprio choro angustiado, o padre conseguiu ouvir o que mais temia: O grito clamava por Nanqueen. Era a carta, era Nanking, que pedia por sua amada. Neste momento, um rato entrou na igreja por uma fresta, e correu até os subterrâneos. O padre, desesperado, correu atrás. Lá embaixo, encontrou o seu cofre arrebentado sem a Nanking no seu interior. Os gritos pararam. O rato foge rapidamente. O padre, estarrecido, ficou parado sem saber o que fazer.
Sabe-se, hoje em dia, que este padre foi dado como louco na época e acusado de inventar toda esta história da Nanking. Em 1494 ele foi queimado vivo, acusado de demonismo. Acusação que ele negou veementemente até a última brasa queimar-lhe as entranhas.
Após este caso, Nanking não foi vista por séculos. Somente em 1912, há indícios que a carta tenha sido vista em regiões marginais de grandes cidades da Europa e da América. Há relatos dessa época da existência de uma carta que não consegue ser rasgada, amassada ou queimada, que ao ser guardada e escondida começava a gritar e assombrar a região, sempre chamando pela Nanqueen. Normalmente estes casos aconteceram juntamente com uma infestação de ratos na cidade, nunca claramente explicados pelas autoridades.
Em 1968 finalmente uma luz aparece neste misterioso caso. Em meio às revoltas em Paris, Nanking foi encontrada com um grupo organizado de militantes. Ao saber da existência desta carta, o governo tentou de todo jeito capturá-la, sem sucesso. Em 1970 ela é novamente encontrada, agora na Índia, nas mãos de um sábio. Ele contou que a carta era livre por natureza e jamais poderia ser dominada ou privada de sua missão: reencontrar Nanqueen. Contou também que lhe foi confiado uma informação, de que Nanking viu sua amada voando para as nuvens naquele dia em que o fogo tomou a caverna de Madame Cabeça-de-Lua. Por isso, necessitava da ajuda de sonhadores, loucos e livres, para que conseguisse chegar à altura de sua amada. Na época muitos desconfiaram do sábio hindu, duvidando que a carta tivesse lhe contado tudo aquilo.
Porém em 2009, Nanking é encontrada com Artério Arteiro, em suas nuvens coloridas. A busca continua, cada vez mais próxima, pela liberdade e pelo amor, nem que seja cego, nem que seja nuvem, nem que sejam ratos da noite.
“Diante deste espelho, já não suporto mais o meu reflexo. Só vejo solidão. Só vejo prisão. A minha necessária liberdade, o meu necessário amor, talvez só surja novamente através de riscos escuros e profundos de nanquim. Os mesmos riscos que um dia me aprisionaram” (Nanking).